terça-feira, 29 de setembro de 2009

IT’S ALL ABOUT LOVE

Depois de passar alguns meses fora do Brasil, 10 dias atrás, me pego desembarcando no aeroporto de Guarulhos.
Cinco e meia da manhã de uma segunda-feira. “o que eu tô fazendo aqui?” é a primeira pergunta que me veio a cabeça quando o avião tocou o solo brasileiro. Ainda meio sonada pelas 12 horas de viagem, espero minha mala. Não chega. Espero mais um pouco, com paciência, depois de alguns poucos 15 minutos, ela vem.
Boto tudo no carrinho ( minha pequena mala esturricada, minha mochila - que mais parecia uma bola de basquete) e me mando pro saguão do desembarque.
Telefono pro meu pai, ele me pega em Congonhas.

O ônibus só sai as 6 e meia. 5 pessoas na fila. Faltam 30 min. Resolvo encher o saco de alguns amigos logo pela manhã. Estaciono no orelhão e lá disco, um, dois, três números! Haha! Amiga chata é assim mesmo.
Volto pra fila do ônibus, impressionante como as 5 pessoas, de repente, viraram 30. O cara lá da frente grita. “tá cheeeeio!” Conclusão, perdi o busão. Outro só dali uma hora. Nem um pouco contente de estar em Guarulhos, numa segunda-feira quase 7 da manhã, respiro fundo, e sem ter outra opção, resolvo esperar o próximo ônibus numa boa. Um casal se senta ao meu lado. O marido quieto, a mulher esbaforida, indignada, não entende o porque de alguns porques da vida dela. Nessa hora penso que gostaria muito se não entendesse a lingua que eles falam. Mas sim, eu entendo. Escuto a mulher às vezes até achando graça do seu sotaque. O marido, mudo. Coitado. Continuo ouvindo até quase minha paciência acabar. Como que alguém pode falar tanto às 6 e meia da manhã?!? Resolvo botar o meu fone de ouvido, pastinha EUROPA 2009.

Passo a semana na babilônia. Revejo amigos, falo com outros tantos, saio na balada, ouço uma BANDA! Depois de 7 dias desço pra praia. Sentimento diferente, estranho. Estranho até ver o mar de Camburi, as ondas. Tem meio metro, mas já acho que tem muito! Hahaha!

Encontro com o pessoal na praia, saudades. Converso com pessoas que muitas vezes antes nem cumprimentava direito. Me sinto mais aberta, mais comunicativa. Mas o sentimento de estranheza continua, por dias e dias. Já sinto que não pertenço mais a esse lugar. Esse lugar pertence ao meu coração. Talvez agora queira pertencer ao mundo. Sinto falta da Holanda, saudades e muitas. Mas estou aqui. Me conscientizo de que preciso estar no lugar que estou. Até pelo menos me mudar novamente! Tomo conta de que não tem lugar melhor ou pior, é só….diferente. Começo a reparar. Não mudou muita coisa fisicamente por aqui. O que mudou foi o objetivo. O sentimento é o mesmo. É de amor.

De um tempo pra cá já sentia uma mudança interna e esses quase 6 meses me ajudaram a acreditar em algumas coisas, ver outras e aprender muito.

Aprendi a olhar pras feridas abertas do meu passado, enfiar o dedo lá dentro e ainda torçer.

Aprendi a gargalhar até chorar. Aprendi a chorar encolhida até faltar o ar. Aprendi a olhar a dor, o sofrimento e não mais fingir que ele não existe.

Aprendi a tirar as palavras do coração, por mais que muitas vezes eu não saiba expressar tão bem como eu sinto, ou escrevo.

Aprendi a jogar poker, e a jogar direito ainda!

Aprendi a dançar sem vergonha de mexer meu corpo e não me importar se desafino quando canto uma música que eu gosto.

Aprendi a ser um pouco mais delicada (às vezes) com esse meu tamanhão todo.

Aprendi a ouvir melhor as críticas e a criticar também.

Aprendi que somos seres únicos e por isso aprendi a ter curiosidade para saber as experiências que cada um já teve.

Aprendi que o mundo não é feito de respostas e sim de perguntas.

Aprendi a encarar as coisas que me irritam em mim durante anos e eu nunca quis realmente mudar. Aprendi que não quero mais me irritar comigo mesma.

Aprendi a gostar (mas não taaanto assim) de sentir saudades.

Aprendi que antes de sermos 2 somos 1.

Aprendi a respeitar mais os sentimentos dos outros, mas sem querer salvar a vida deles.

Aprendi a falar do que gosto e do que não gosto.

Aprendi a ser cuidada e amada.

Aprendi a andar de bicicleta bêbada (hahahaha!) e a pedalar de mãos dadas.

Aprendi a gostar de outra parte da vida, experimentar outros sabores.

Aprendi que sonhar não é fantasiar.

Aprendi a tentar, a descobrir.

Aprendi que o medo é nosso maior inimigo interno.

Aprendi a crescer, e crescendo aprendi a acreditar em mim, antes de acreditar em qualquer outra pessoa.

Aprendi que a vida é amor, e que se amar é a nossa primeira regra básica.

Quero agradeçer a pessoas muito especiais, independente da ordem dos nomes, todas elas são peças preciosas na minha vida. Esse texto é uma pequena declaração de amor para vcs.

Guiba, meu sincero e falante (e lindo) namorado, que caminha junto nessa evolução. Amor de alma. Agradeço todos os dias por termos nos (re) encontrado. Ainda temos muito o que viver juntos. Não vejo a hora de te abraçar. Sua filha me ajudou a aprender que o que importa são as atitudes e não muito as palavras. Sinto falta da energia dela. Obrigada por compartilharmos tantos bons momentos esse ano, nós 3!

Jubows, anos de amizade que não foi destruída pelo tempo. Valeu pela força! Me farta até as palavra pra falá de vc bela! Hahaha!

Amo vcs 2 muito (gui e ju)! E apesar de serem dois bocudos destrambelhados, são o meu norte. Meu porto seguro.
Valeeeeeeeeuuuuuuuuuu!

Pedrão, por suas palavras sinceras e….calmas. Obrigada por me escutar.

Grá, por sempre estar conectada e sei que vai ler esse texto, sempre me manda mensagens certas nas horas certas. Só tenho que te agradeçer.

Fernandão, meu grande amigo, irmão. Cara, somos piscianos, a gente se entende nas qualidades e nos defeitos! Valeu pela força!

Brisa, outra pisciana maluca, com que compartilha minhas histórias. Obrigada por ser linda desse jeito!

Fatiminha, por estar ao meu lado nas horas mais bizarras e ainda rirmos disso!

Mãe e pai, por sempre acreditarem em mim e me apoiarem nos meus sonhos mais loucos. Não queria ter outra mãe nem outro pai que não fossem vcs.

Todos meus amigos holandeses que me ensinaram que independente da lingua que se fale o que a gente sente dentro do peito é o mesmo! Obrigada por se preocuparem comigo e pelo carinho como me receberam.

Song: The Beatles - All You Need Is Love

Frase: "Não existe desespero tão absoluto quanto aquele que surge nos primeiros momentos de nosso primeiro grande sofrimento, quando não conhecemos ainda o que é ter sofrido e ser curado, ter se desesperado e recuperado a esperança."